Arquivo do mês: agosto 2019

GATO PRETO

Negro como o pelo de gato preto à meia-noite de uma noite de lua cheia

O breu toma conta

Na velha praça um balanço ainda pende

Como se alguém há pouco se balançasse

Ou apenas obra do vento frio

Uma lufada gelada arrepia meu braço

Minha coluna se alinha e meu corpo se contrai

Viro o olhar e uma cortina enfumaçada se revela ao longe

As brumas vêm chegando

Não será possível distinguir vulto de noite

O gato pula o telhado

Mas é da direção oposta que vem o grito

Mais um gato que se aproveita da noite

Latas vazias caem do banco da praça

Como se alguém há pouco ali bebesse

Ou apenas como alguém que ainda ali estivesse

Mas já não é possível ver

As brumas chegaram

Se quero ir, devo sair agora

Direção oposta à das brumas

Ao encontro do grito

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