Negro como o pelo de gato preto à meia-noite de uma noite de lua cheia
O breu toma conta
Na velha praça um balanço ainda pende
Como se alguém há pouco se balançasse
Ou apenas obra do vento frio
Uma lufada gelada arrepia meu braço
Minha coluna se alinha e meu corpo se contrai
Viro o olhar e uma cortina enfumaçada se revela ao longe
As brumas vêm chegando
Não será possível distinguir vulto de noite
O gato pula o telhado
Mas é da direção oposta que vem o grito
Mais um gato que se aproveita da noite
Latas vazias caem do banco da praça
Como se alguém há pouco ali bebesse
Ou apenas como alguém que ainda ali estivesse
Mas já não é possível ver
As brumas chegaram
Se quero ir, devo sair agora
Direção oposta à das brumas
Ao encontro do grito